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O recado deixa claro que não se governa sem o Legislativo e que a convergência é necessária
Por Warnoldo Maia de Freitas
A manhã da quarta-feira, 20, parecia igual a muitas outras, marcada pela monotonia e sem grandes fatos. Mas, de repente, o presidente em exercício da Assembleia Legislativa do Estado (ALEAM), Abdala Fraxe (Podemos), revelou, por meio de um comunicado, que a posse do governador eleito no pleito suplementar de agosto, Amazonino Mendes (PDT), não seria mais no dia 5, mas sim dia 10 de outubro.
O recado caiu como uma bomba no grupo de Amazonino, que é minoria naquela Casa, e levou o vice-governador eleito, Bosco Saraiva (PSDB), a manifestar-se contra a decisão da Mesa Diretora, a bater boca com Abdala Fraxe e a dizer que ele não transformaria a Assembleia em uma Sucupira, fazendo alusão à conhecida e pitoresca cidade da novela “O Bem-Amado”, de Dias Gomes.
O recado dado deixou bem claro que não se governa sem o Legislativo e a convergência é necessária e salutar, porque se a corda continuar tensionada ao máximo como está, não será possível ao novo gestor “reconstruir o Amazonas” conforme o mote da sua campanha.
Surpresa?
“Surpreendido” com a mudança da data da sua posse, o governador eleito, Amazonino Mendes, manifestou-se preocupado com o que classificou de “atos condenáveis do governador interino de insistir em continuar governando de forma equivocada, como se fosse um governador de fato e de direito, quando, na verdade, cumpre apenas um momento, enquanto a vontade soberana do povo coloca no Palácio o seu verdadeiro govenador, debalde (inútil, em vão) todos os esforços e pedidos ... ”.
Amazonino, como de costume, fez política, criticou os “excessos de gastos da gestão de David”, que manifesta, agora, “o desejo de esticar ao máximo o tempo de permanência no comando do Governo do Estado, prejudicando o tempo que teria o eleito para reconstruir o estado”.
“A quem interessa protelar a posse? O que está havendo? Que interesses são esses?, questionou.
Apesar da clareza da ação, alguns parlamentares do grupo de Amazonino revelaram “querer saber o que está por trás da decisão” da Mesa Diretora da Aleam, porque houve um acordo prévio, de que a posse seria dia 5, e “o estado precisa urgente de comando”.
Emoções
De acordo com alguns deputados, os próximos capítulos desse embate entre David e Golias (David Almeida x Amazonino Mendes) promete muitas emoções, porque o governador eleito “é cobra criada” e sabe como poucos jogar o jogo do poder, enquanto o “jovem rebelde já mostrou que não é bobinho”.
Para evidenciar a sagacidade de David Almeida eles destacam que o presidente licenciado da Aleam surpreendeu a todos aqueles que o subestimaram e achavam que ele ficaria perdido no comando do Governo do Estado, submisso às ordens do cacique do seu partido, o senador Omar Aziz (PSD/AM), um dos destinatários do recado da Aleam.
Muitos insistem em dizer que o tempo é de mudança, mas, tomara que, ao contrário da Sucupira da novela de Dias Gomes, os interesses do povo do Amazonas predominem sobre os objetivos de todos os políticos, a radicalização não se torne regra e ninguém seja obrigado a amá-lo ou a deixá-lo.
Resta, ainda, esperar os posicionamentos sobre os processos que estão aguardando canetadas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Supremo Tribunal Federal (STF).