Deputado diz que Amazonino fez campanha eleitoral na Assembleia, quando deveria apresentar a mensagem governamental, e foi mal-educado ao n?o citar o nome do presidente daquela Casa
Elizabeth Menezes
O discurso do governador Amazonino Mendes (PDT) na Assembleia Legislativa, na quinta-feira, 1º, não passou de campanha eleitoral, na opinião do deputado Serafim Corrêa (PSB), para quem o chefe do poder Executivo foi mal-educado quando não citou o nome do presidente da Casa, David Almeida, mas nominou todas as demais autoridades presentes na solenidade para a tradicional leitura da mensagem governamental, fato que merece repúdio. O deputado também chama a atenção para o fato de que o marqueteiro de Amazonino chegou junto com ele e ficou no plenário com “status de secretário”.
Confira a entrevista.
Como sr. traduz o discurso do governador Amazonino Mendes hoje, aqui na Assembleia Legislativa? O que ele sinalizou na sua mensagem?
Ele veio fazer campanha política. Ele trouxe até o marqueteiro. O Marcos Martineli estava no plenário com status de secretário de Estado. Ele veio na comitiva do governador. Chegou junto com o governador. Então, o Amazonino está em campanha eleitoral, usando o mesmo mote da campanha eleitoral de 2017: amor, o amor à causa pública, o amor, o amor, o amor. Ele vem e vende uma história de que o Estado está quebrado. Mas, anteontem, ele assinou uma declaração para a Secretaria do Tesouro Nacional, dizendo que o Estado tem 2 bilhões e 218 milhões de reais, em caixa. Ora, quem tem R$ 2 bilhões e 218 milhões em caixa, não está quebrado. Está aqui, olha, na tela da secretaria do Tesouro, assinado por ele, Amazonino Armando Mendes.
Ele aproveitou para dar umas cutucadas nos governos anteriores, incluindo David Almeida. Foi isso?
Claro. Ele foi mal-educado. Como é que você vem à Assembleia Legislativa e não cita o nome do presidente da Assembleia? Disse “excelentíssimo sr. presidente da Assembleia”, mas não citou o nome. E citou o nome de todas as outras autoridades presentes. Ele vem querer sacanear. Essa é a palavra. Então isso merece um repúdio. Amazonino é velho, tem 76 anos. Eu também me considero velho, tenho 70 anos. Ele tem 78, aliás. Não está mais em idade de fazer essas grosserias. Isso é falta de educação.
Algo como desafiar?
Sim, desafiar, chamar pra briga. Pô, ele está num estado tal e todo mundo viu aqui.. ele está arquejante. Eu quero saúde para ele, quero que ele viva muito. Mas, ele não está legal. Aí, depois, como é que ele assina um documento anteontem, dizendo que o Estado tem 2 bilhões e 218 milhões de reais e vem aqui tocar choro? Que história é essa? Engana a quem? A mim, não.
Então, quando ele disse que o Amazonas não pode ser dirigido por qualquer pessoa, está implícito, aí, uma pré-campanha para a reeleição?
Claro. Ele está fazendo campanha. Só tem um homem no Amazonas capaz de dirigir o Amazonas: é ele. E ele não pode morrer. Ele vai virar imortal, porque ele não pode morrer. Ele está com a síndrome do Roberto Marinho (fundador da Rede Globo de Televisão), que deixou um envelope onde escreveu: “se um dia eu faltar”. Como se ele nunca fosse morrer”.
Houve uma quebra de protocolo, uma vez que o presidente David Almeida discursou depois do governador? Não é apenas o governador que fala em solenidades como essa, de abertura dos trabalhos legislativos?
Mas houve uma quebra de protocolo antes, quando ele (Amazonino) não citou o nome do presidente da Assembleia. Isso é uma falta de respeito.
O presidente David Almeida falou para dar uma resposta às críticas do governador?
Claro. E foi melhor assim.
E sobre a expressão do presidente David Almeida, ao dizer que não era aliado do governador, mas apenas parceiro?
Sim, parceiro. Institucionalmente, sim. O poder legislativo tem dado mostras de que é parceiro. Agora, ser parceiro, é você discutir, é você alertar. Por exemplo: talvez o Amazonino não saiba que o Estado do Amazonas tem 2 bilhões e 218 milhões de reais, em caixa.
Mas se foi ele quem assinou a declaração...
Pois é.Mas veja, não disseram para ele, ele assinou sem saber o que estava assinando. Qualquer dia ele assina a renúncia dele.