* Ediclei Vasconcelos
Todos os dias, logo pela manhã, os telegramas são recolhidos pelos carteiros motorizados, responsáveis pela sua entrega no setor telegráfico. Eles os selecionam em uma sequência, para que sejam entregues aos seus respectivos destinatários: empresas, residências, condomínios, entre outros, e em locais um tanto incomuns, como o que aconteceu com esse nobre profissional de quem vamos falar. De fato, é procedimento normal da distribuição: caso o carteiro não consiga entregar os seus telegramas, eles devem informar sempre o motivo e razão da não entregar na hora da devolução ao remetente. Como, por exemplo; se o destinatário estava ausente, mudou-se, faleceu, se é desconhecido, se o número da casa não existe, se es tá faltando a informação da quadra ou nº do bloco, torre, apartamento, ou se o objeto foi recusado, entre outros.
Um caso bastante raro aconteceu quando um carteiro que não conhecia bem a rota do titular, foi realizar a entrega de um telegrama naquele dia num porto da cidade, em busca de um grande navio de nome (fictício) “TUBARÃO DO MAR”. O nobre carteiro tinha conhecimento, através das conversas com o colega titular, que sempre enviavam telegramas para o comandante desse navio e o mesmo recebia muitas informações e mensagens enviadas de seus familiares, por causa da distância e saudade.
Antes de ir rumo ao tal navio, o carteiro já havia realizado várias entregas de telegramas em residências e empresas da cidade. Visivelmente cansado, dirigiu-se rumo ao navio para tentar localizá-lo, pois o mesmo se encontrava a cada três meses atracado no porto da cidade. Ao chegar ao local, o carteiro ficou para lá e para cá procurando, tentando localizar o comandante e o tal navio por toda a área do porto, que era longa. Havia muitos barcos grandes e cerca de sete grandes navios atracados. Ele passou em frente a todos que estavam naquele dia no porto, mas sem sucesso. Não encontrou o tal “TUBARÃO”. Cansado de procura, resmungou: “Cadê esse homem? Cadê esse navio? Será que o bicho tá escondido?” P. da vida por não conseguir nada, perguntou a um marinheiro se o mesmo sa bia ou conhecia o navio em questão.
O marinheiro respondeu:
“Moço, conheço sim! Senhor carteiro, ele é um navio enorme, mas só fica aqui de três em três meses. Só que ele já partiu. Partiu ao meio dia.”
O carteiro agradeceu imensamente o marinheiro pela informação e retornou em seguida para o seu setor. Lá, antes de declarar o telegrama, ficou se perguntando:
“Poxa vida, o que será que eu informo? Como eu vou declarar esse telegrama? Já sei! O navio mudou-se? Não! Navio desconhecido? Também acho que não! Navio inexistente? Também não! Navio não localizado? Tá difícil. Eu hein!”
De repente ele pensa:
”Já sei qual o motivo!” Pega o carimbo. Molha o carimbo com força. Carimba o telegrama bem forte em cima da mesa e, no local onde deve ser informado o motivo da declaração para devolução ao remetente, informa: O NAVIO PARTIU-SE!
* O carteiro boa praça