Tarcísio Barbosa
Dia 11 de fevereiro de 1917 morria o médico sanitarista Oswaldo Cruz. Pioneiro no estudo das moléstias tropicais e da medicina experimental no Brasil, fundou em 1900 o Instituto Soroterápico Federal no Bairro de Manguinhos, no Rio de Janeiro, transformado em Instituto Oswaldo Cruz, tendo sido respeitado internacionalmente.
Diretor-geral da Saúde Pública (1903), nomeado Presidente Rodrigues Alves, coordenou as campanhas de erradicação da febre amarela e da varíola no Rio de Janeiro. Organizou os batalhões de "mata-mosquitos", encarregados de eliminar os focos dos insetos transmissores. Convenceu Rodrigues Alves a decretar a vacinação obrigatória, o que provocou a rebelião de populares e da Escola Militar (1904) contra o que consideravam uma invasão de suas casas e uma vacinação forçada, o que ficou conhecido como Revolta da Vacina. Entre os dias 10 e 16 de novembro de 1904, a cidade virou um campo de guerra. A população exaltada depredou lojas, virou e incendiou bondes, fez barricadas, arrancou trilhos, quebrou postes e atacou as forças da polícia com pedras, paus e pedaços de ferro.
A reação popular levou o governo a suspender a obrigatoriedade da vacina e a declarar estado de sítio (16 de novembro). A rebelião foi contida, deixando 30 mortos e 110 feridos. Centenas de pessoas foram presas. Ao reassumir o controle da situação, o processo de vacinação foi reiniciado, tendo a varíola, em pouco tempo, sido erradicada da capital.
A cidade era uma das mais sujas do mundo, pois nos boletins sanitários da época se lê que a Saúde Pública em um mês vistoriou 14.772 prédios, extinguiu 2.328 focos de larvas, limpou 2.091 calhas e telhados, 17.744 ralos e 28.200 tinas. Lavou 11.550 caixas automáticas e registros, 3.370 caixas d´água, 173 sarjetas, retirou 6.559 baldes de lixo e, dos quintais de casas e terrenos, retirou 36 carroças de lixo, tendo gasto 1.901 litros de petróleo.
Houve um momento em que Oswaldo Cruz foi apontado como inimigo do povo nos jornais, nos discursos da Câmara e do Senado, nas caricaturas e nas modinhas de Carnaval.
Premiado no Congresso Internacional de Higiene e Demografia, em Berlim (1907), deixou a Saúde Pública (1909).
Pouca gente ouviu falar do centenário de sua morte. Nós brasileiros nos esquecemos rapidamente de nossos benfeitores, dos nossos heróis.
Como a febre amarela voltou com alguma intensidade, não seria hora de aparecerem brasileiros com a garra e a determinação de Oswaldo Cruz para debelar esta quase epidemia!
jtbarbosa500@yahoo.com.br
Observação – Os mata-mosquitos criados por Oswaldo Cruz são, hodiernamente, aquelas pessoas da denque, que nos visitam e que, muitas vezes, são mal recebidas. Eu, além de receber muito bem essas pessoas, sempre ofereço um suco ou um refrigerante.