Manaus, 20 de Abril de 2024

Ele ocupa mentes, corações e braços

Por: Carlos Santiago
21/04/2020 - 06:35

Carlos Santiago

O egoismo une quem despreza  a racionalidade
 
Por Carlos Santiago*

           Ele transforma a política numa guerra de intolerância; despreza os direitos humanos; criminaliza a pobreza; nega a expressão das mulheres na vida pública; agride as cotas raciais nas universidades e no Estado; ataca a democracia como premissa de partilha de poder; o egoísmo é aclamado; a fé religiosa cega é o seu “alimento”; uma força que une quem despreza a racionalidade e o saber científico.
 
            A sua força estava na ponta da faca que matou o artista Moa do Katendê, na Bahia; ele reside nas mentes dos assassinos da vereadora Marielle Franco; ele está nos corações dos agressores de membros do movimento gays e de mulheres que manifestam divergências; ele conduz as mãos dos torturadores ansiosos por vinganças e por novas ditaturas ou golpe militares; ele está na ponta da bala dos latifúndios de um País desigual.

             Ele está nas vozes que gritam contra religiosos que pregam igualdades e justiça social; ele está na opressão e nas intimidações contra trabalhadores desemparados; ele está no racismo estrutural e na negação da contribuição nacional de índios e de negros na construção do Brasil; ele conduz a violência contra professores das Universidades.

             Não quer um povo que pensa em dias melhores; ele cultiva a ignorância e produz uma geração de homens robôs; ele incentiva a xenofobia contra latinos americanos, asiáticos e africanos; ele motivou mortes de crianças na escola da cidade de Suzano/SP; ele move ações de milicianos contra pessoas humildes nas grandes cidades, com apoio de autoridades.

            Ele dividiu o país; ele está em decisões e nas ações das autoridades da República brasileira; ele infestou a maioria das mentes, dos braços e dos corações de um Brasil que caminha para o atraso; ele manchou de sangue a história da humanidade; ele deseja a morte dos pacifistas e dos que amam o cuidado ambiental.

            Na história bíblica de Caim e Abel, ele se inspira, sempre; a inveja ao próximo tem sua marca, nem o sorriso de uma criança lhe agrada; ele é o aliado principal do novo coronavírus; quer a morte dos idosos para alcançar poder e fama; ele desmonta governos e agride ex-aliados; ele luta sempre para impor sua vontade; ele tem um exército de seguidores que lhe abraça como um membro da família; alguns expressam o desejo de viver e morrer por ele.  

           Ele se alimenta das frustações coletivas: das decepções pessoais; da falta de compaixão; dos preconceitos sentidos e lançados; das famílias em disputas; das portas de esperanças fechadas; das indelicadezas e da falta de amor entre pessoas.

         A grande fórmula para diminuí-lo é o exercício da solidariedade, a compreensão emotiva, a educação libertadora, a inclusão social e um mundo de paz. Desafios difíceis num Brasil de colonização genocida, do mandonismo, do patriarcalismo, da concentração de riquezas, de instituições públicas desacreditadas e de baixa eficácia, de corrupção cultural e de estamentos sociais que controlam, há séculos, a máquina pública.

            A união dele, o ódio nas suas mais diversas manifestações, como a falta de consciência política, da participação cidadã nas decisões de governos, de partidos políticos não confiáveis, de uma elite social e econômica responsável pelos interesses coletivos e da leitura crítica da história do país, fazem do Brasil um lugar vocacionado para líderes ditadores, sem quaisquer escrúpulos.

        O ódio na política, nas relações sociais e nas instituições de Estado deixa sempre o Brasil à beira de um abismo.

* Sociólogo, Analista Político e Advogado.
 
 
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