Tarcísio Barbosa
Paciência é uma virtude dos macróbios. Macróbios, para os menos avisados, não são micróbios que cresceram, não! São os idosos. Como eu, por exemplo. Os micróbios são de outro departamento. Departamento da Microbiologia, tendo sido Louis Pasteur um dos grandes microbiólogos e benfeitores da humanidade. Quanta cultura! E desta vez não é inútil.
Bem, o fato é o seguinte, ainda sobre micróbios, disse-me uma loura que tomava pouco banho porque os banhos abriam os poros e os micróbios entravam causando doenças. Ela preferia que seus poros ficassem fechados pela poeira em suspensão.
A paciência tem muito de autodomínio e muito pouco de doença. Já vi pessoas perderem as estribeiras por uma coisa insignificante e soltar as cachorras. Pessoas educadas se transformando em verdadeiros selvagens no trânsito: xingando, buzinando. Um exemplo que pode ser visto no filme “Um Dia de Cão”, protagonizado por Michael Douglas.
Há pessoas que reclamam da lerdeza dos caixas eletrônicos, de esperar 30 segundos pelo elevador, do acesso à sua conta na internet, mas se esquecem de que antigamente era tudo na fila. Fila para ver saldo bancário, para pagar qualquer conta no banco, fila para pedir talão de cheque. E para tantas outras coisas.
A paciência está em falta no mundo. Muita gente tenta adquiri-la nas farmácias através da compra de ansiolíticos. Que adiantam pouco. O ansioso demais quer chegar aonde?
Marco Túlio Cícero, ou simplesmente Cícero, senador romano, grande tribuno e orador entrou para a história com a célebre frase: Quousque tandem abutere patientia nostra, Catilina? Até quando você abusará da nossa paciência, Catilina. Os incautos podem pensar que Catilina era a mulher de Cícero, que o fizera perder a paciência, como sói acontecer com nós homens todos os dias. Não era. Catilina era um político que havia perdido as eleições e estava sempre no senado aprontando. Torrando! Sempre os políticos! Não fossem eles, a vida de um cronista bissexto seria mais sem graça.
A paciência só é benéfica quando não é sinônimo de passividade. Quando algo está acontecendo para uma conclusão prejudicial, como uma ponte que está com os pilares rachados e os órgãos públicos responsáveis não fazem nada, embromam, aí está na hora de jogar a paciência fora e correr atrás do órgão responsável, chamar a mídia, fazer passeatas e que tais. É bastante comum o governo só agir, tomar providências quando forçado pelo povo, pela mídia, da qual morre de medo, já que estamos numa democracia. Ainda bem!
Algumas situações, eu acho que nem Jó aguentaria. A insistência dos serviços de telemarketing. A quantidade de spams que aparecem todos os dias em nossa caixa postal. O trânsito cada vez mais confuso. A quantidade de buracos das ruas. A propaganda de novas universidades. A exaltação que o governo faz a si próprio. A corrupção dos políticos. Olha eles aí traveiz!
E você, leitor(a), tem exercido sua paciência no seu dia a dia?
jtbarbosa500@yahoo.com.br