Delegado da Polícia Federal afirma que "criminosos têm políticos da Amazônia no bolso".
Por Warnoldo Maia de Freitas
Faz tempo, muito tempo mesmo, que os brasileiros se acostumaram a ouvir notícias e relatos sobre as atrocidades praticadas no coração da Amazônia, nos pontos mais distantes das áreas urbanas, contra os locais, indígenas e recursos natuais e pouco, muito pouco tem sido feito para coibir tais atos, tais condutas criminosas.
Parafraseando David Assayag vale lembrar que faz tempo, muito tempo mesmo, que "A AMAZÔNIA ESTÁ QUEIMANDO" e a saracura continua indo, fugindo desta quentura. Mas, além do falatório e das "representações políticas", muito pouco tem sido feito pelas autoridades constituídas para combater as ilegalidades registradas naquela porção da Amazônia, particularmente, da Brasileira.
Amparados pelo "descaso" do Estado, mensurado por meio das ações dos governantes das últimas décadas, muitos adotam, praticam, desenvolvem condutas predatórias para satisfazer interesses inconfessáveis e assegurar a manutenção da vida boa dos seus chefes, que circulam alegremente pelas rodas do poder, indiferentes aos inúmeros crimes praticados na região.
O problema na Amazônia, particularmente na Brasileira, é bem mais complexo do que alguns tentam fazer parecer, porque OS EFETIVOS EXISTENTES DAS FORÇAS DO ESTADO (Polícia Federal, FUNAI, CMBIO e outros) SÃO INSIGNIFICANTES diante da gradiosidade da região e suas características geográficas dificultam de forma impar as ações de fiscalização e comtate às irregularidades.
Então, em uma terra sem lei reinam os desmandos. São assassinatos, queimadas, desmatamentos, caça e pesca predatória e muitas coisitas mais, porque, pelo que parece, a Justiça brasileira só atua mesmo contra os desvalidos.
Após 17 anos do assassinato da irmã Dorothy, no Pará, nada mudou, apesar do grande alarido, do grande clamor internacional.
"Políticos na mão"
Na terça-feira, 14/06, o delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva ousou colocar LUZES sobre a problemática registrada na Amazônia e afirmou, durante entrevista à Globo News, que "criminosos têm políticos da Amazônia no bolso" e ressaltou, sem meias palavras, que há uma "bancada do crime, uma bancada de marginais no parlamento brasileiro".
O delegado falou com conhecimento de causa. Afinal, ele foi superintendente da Polícia Federal no Amazonas e coordenou a Operação Handroanthus, que fez a maior apreensão de madeira da história na Amazônia. Ele também "teve peito" para denunciar o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por proteger madeireiros ilegais que atuam na região, mas acabou perdendo o cargo.
O delegado ressaltou, também, que "as Forças Armadas precisam exercer o seu papel de polícia na regiao de fronteira", mas não o fazem porque "há uma visão distorcida do comando dessas forças".
Para sustentar seu argumento o delegado federal Alexandre Saraiva afirmou que "quem tem estatura e estrutura para combater esses grupos criminosos na imensidão da Amazônia são as Forças Armadas".
Segundo ele, está "na Lei Complementar 97, Artigo 16 - A, que as Forças Armadas têm poder de polícia nos 150 quilômetros de fronteira, mas é a coisa mais difícil, porque ainda é majoritário nas Forças Armadas o entendimento de que elas são para enfrentar inimigos externos, quando na verdade tem grupos criminosos internos que estão corroendo o Estado debaixo das barbas das instituições".
Os mais simplistas afirmam, com veemência, que a Amazônia não consegue se desenvolver, efetivamente, porque "está engessada", mas não são capazes de articular ações ou projetos capazes de viabilizar o desenvolvimento sustentado da região, a partir do uso racional dos seus recursos naturais.
Quer dizer, prevalece a máxima que diz que "fazer teatro e criticar é sempre mais fácil do que fazer", buscar alternativas econômicas e ecologicamente corretas e capazes de gerar desenvolvimento, bem como levar cidadania aos brasileiros que sobrevivem nos pontos mais distantes da Amazônia.
É preciso fazer mais do que fazer teatro e lançar palavras ao vento. É preciso ação.