Manaus, 19 de Abril de 2024

Exonera??o de Bonates por Carlos Almeida ? considerada uma JOGADA POL?TICA

Dizem, nas sombras, que Carlos Almeida estava com saudade das luzes, dos holofotes

Política | 22/07/2021 - 11:45
Foto: Arte

Carlos Almeida e Loiusmar Bonates

Dizem, nas sombras, que Carlos Almeida estava com saudade das luzes, dos holofotes


Por Warnoldo Maia de Freitas


A exoneração do secretário de Segurança do Amazonas, coronel PM Louismar Bonates, pelo governador em exercício, Carlos Ameida, noticiada com bastante estardalhaço na manhã desta quinta-feira, 22/07, foi considerada por alguns políticos consultados em off, "uma simples jogada política", colocada em prática por quem "não estava mais suportando viver nas sombras" e precisava fazer algo, urgentemente, para "voltar a sentir o calor das luzes".

A ação é considerada "sem efeito prático", porque caso tenha sido publicada no Diário Oficial, poderá ser tornada sem efeito pelo governador Wilson Lima (PSC/AM), que está em Brasília cumprindo agenda oficial e vai, de acordo com deputados da base de sustentação na Assembleia Legislativa do Estado (ALEAM), "anular todas as medidas equivocadas colocadas em prática" por Carlos Almeida.

Segundo alguns políticos, Carlos Almeida aproveitou a oportunidade, "surgida com a viagem do governador a Brasília, para por as asas de fora e tentar atrair para si algumas luzes, porque, por ser vaidoso, não estava mais suportando ter que viver nas sombras".

Há quem diga que Carlos Almeida "já desembarcou com mala e cuia na seita do Eduardo Braga" e a ação colocada em prática, agora, exonerando o Secretário de Segurança Louismar Bonates, tem por objetivo "desestabilizar o governdor Wilson Lima".

"Ele está fazendo igual fazia a desembargadora Graça Figueiredo fazia, no Tribunal de Justiça do Amazonas, quando assumia o cargo, quando o presidente se afastava", destaca um parlamentar. "Ninguém deve esquecer que ele também já foi alvo da Operação Sangria da Polícia Federal, que investigava suposto esquema de corrupção existente na área da saúde, da qual ele foi secretário", completa.
 
Os adversários de Carlos Almeida lembram, ainda, que ao deixar o comando da Casa Civil do governo Wilson Lima, em maio de 2020, o vice-governador falou que sempre trabalhou com o objetivo de blindar o Amazonas contra "Espectros" e criou "um verdadeiro alvoroço no meio político amazonense" ao afirmar que criaturas agiam nas sombras para tirar proveito, mas acabou não revelando o nome desses personagens e o que chegou a ser considerada uma BOMBA não passou de um "barbantinho cheiroso", um "peido de velha".

Agora, para justificar a exoneração ele alega o fato de o secretário já ter sido alvo de investigações da Polícia Federal em 2015, além do caos vivido na segurança pública do Estado com os ataques de facções no mês de junho.

Mas não é só. Entre as alegações, as justificativas, destaca-se, também, a que ressalta que "equipamentos de uso exclusivo da Secretária de Segurança, como grampos telefônicos, estavam sendo utilizados para a prática de possíveis crimes".

Como exemplo desta alegação desponta a operação Garimpo Urbano, colocada em prática pela Polícia Federal e que rendeu a prisão do Secretário de Inteligência, Samir Freire, e outros policiais, acusados de usar a estrutura da secretaria para roubar ouro transportados entre o Amazonas e o Pará.

"Não é possível acreditar que o secretário de Segurança não soubesse que o seu homem inteligência também atuava, nas sombras, roubando ouro", pondera um parlamentar que optou por manivestar-se em off.

Trocando em miúdos: muita gente, principalmente membros da classe política, tem muita coisa para explicar para os eleitores, bem como precisa deixar de querer transformar casos de polícia em questões políticas que, geralmente, não geram penalidades para ninguém.


Para relembrar, releia a carta de Carlos Almeida

“Senhor Governador,

Nesta última quinta-feira voltei para casa mais cedo que o usual, alquebrado e desiludido. A Psiquê diz que em momentos de extrema tensão o passar do tempo é mais arrastado e o aguçamento dos sentidos permite saborear com muito mais intensidade cada sentimento. Foi assim que pude ver, na inocência dos meus dois filhos bebês, a angústia que me encontrava, pois meus ideais de pai e de homem público se confundem. Apertou meu coração ver o sorriso do meu filho e não corresponder por estar dragado por preocupações. Que futuro eu construiria para eles? E me tomei taciturno por longos dias.

Tal qual nos insights em momentos de trauma, todo meu histórico me passou pelos olhos, contudo, sob a lente cinza dos momentos atuais. Que futuro construiria para mim? E me é obrigado a pensar assim.

Tenho perfeita consciência da minha personalidade, aguerrida sim, porém sempre conciliadora – algo que é atestado por inúmeros que comigo conviveram ao longo dos anos -, o que decorre de toda uma vida de desafios. Permito-me um breve histórico.

Sou filho de engenheiros, de uma mãe aguerrida, hoje advogada, e de um pai conhecidamente duro e probo, ambos amorosos e ciosos do maior dever que tiveram com seus três filhos: a incrustação de educação e valores. O exemplo sempre me era cobrado, por ser o primogênito. Portanto, numa vida sem luxos e de grandes dificuldades, meus estudos, quase que integrais, em escolas públicas deveriam refletir a mesma perseverança de meu pai: o penúltimo filho, numa família de nove irmãos, que se educou só e sustentou uma família inteira em tempos difíceis. Como a ele, nada me veio fácil, somente através de muito estudo galguei espaço nas duas faculdades que cursei simultaneamente. Somente através de muito trabalho, pude ajudar no sustento de minha família. Somente com muito esforço pude lograr aprovação em certames públicos, dentre os quais o da minha amada Defensoria.

Decerto as histórias maravilhosas que meu pai contava todos os dias tenham forjado minha visão mais idealista do mundo, um desejo constante de mudar o que encontrava de errado. As citações de Sidarta Gautama, Carlos Castañeda, Benítez, Frank Herbert, dentre muitos ecoam em meus pensamentos como sinalização para se evitar os mundos distópicos de Orwel ou Huxley. Daí minha paixão pelo exercício de meu ofício enquanto Defensor, o que se vê claro nas escolhas profissionais que me levaram a tantos e públicos embates na busca incessante pelo direito das populações. Contudo, ao perceber que os mais básicos direitos fundamentais exigiam implantação de políticas públicas mais profundas, me creditei ao processo eleitoral, sustentando, dentre várias, a pauta da Moradia, uma das mais graves omissões no Estado do Amazonas.

Após um processo eleitoral que nos foi muito duro, chegamos a um Estado em frangalhos, que exigia um sério processo de reconstrução. E foi justamente o que me propus, ao seu lado, a fazer. Com toda a dedicação e espírito público, empreguei toda a energia que pude na pasta da Saúde, contudo as convulsões internas de março de 2019 fizeram com que o Senhor me chamasse à Casa Civil, onde o trabalho de reconstrução deveria ser feito, aliado à articulação política. Ao que me dediquei, com perseverança e lealdade durante todo o ano de 2019, o que permitiu a construção de um ambiente de austeridade, a autorizar para este ano de 2020, o início de ações estruturantes, como exemplo, Moradia, no caso Monte Horebe.

Contudo, não se singra por águas tormentosas sem que se tenha de enfrentar Cila e Caribdes. Em Política não é diferente, e personagens tão ou mais perigosos se encontram em todos os lugares, às vezes, até mesmo dentro nosso próprio barco. Meu papel, enquanto homem público, preocupado em fixar mais um tijolo na construção de um Amazonas melhor, foi sempre de blindar meu Estado contra esses Espectros, alertando-lhe, sempre, dos caminhos a serem seguidos, para não tombar nos rochedos.

Todavia, a despeito de todo meu esforço, não estou com a mão no timão, e já exauri minhas forças remando forte no sentido oposto de muitos nessa Galé. Portanto, Senhor Governador, agradecendo-lhe toda a confiança que me foi depositada, afirmo-lhe não seguir pelos atuais rumos, ao passo que lhe comunico minha exoneração da Casa Civil, retirando-me para o ofício inerente à vice governadoria.

Manaus, 18 de maio de 2020.

Carlos Alberto Souza de Almeida Filho”
 
 

 

 

 

 
 
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