Manaus, 25 de Abril de 2024

Quem não deve não teme

Por: Edclei Estevam Vasconcelos
22/12/2019 - 05:35

 A encomenda extraviada 

 
O amigo carteiro sai para realizar as entregas dos objetos sob sua responsabilidade do dia. Já muito cansado, suado, correndo contra o tempo para atingir 100% de sua meta, chega em frente a uma certa residência e aciona a campainha... e nada. Aciona novamente... e nada.

Resolve então gritar o famoso e tradicional grito de guerra:

“COOOORRREEEIOSSS! COOOORRREIIIOSSS!” 

Como ninguém aparece... Grita mais uma vez: 

CORREIOOOOOSSSS! 

Segundos depois aparece a dona da casa e sua filhinha de  seis anos de idade. Ela olha para a filhinha e diz: 

“Minha filha, acho que o seu TABLET chegou!”

A criança fica feliz da vida! Começa a pular de alegria. Em seguida, ela assina o recebimento do objeto. No entanto, ao segurá-lo, percebe que o objeto está muito leve e logo pede ao ca rteiro q ue espere um pouco, abrindo a encomenda diante do mesmo. A criança não tirava os olhos do produto, do carteiro e nem de sua mãe, puxando a sua saia o tempo todo. Quando a mãe da criança abriu a caixa percebeu que parte do produto estava faltando, a encomenda tinha sido extraviada.

A mãe da criança ficou tão chateada com o episódio, que logo disse ao seu carteiro de muitos e muitos anos de dedicação e trabalho na área: 

“O QUE É ISSO MEU AMIGO CARTEIRO! CADÊ O APARELHO QUE COMPREI PRA MINHA FILHA!? CADÊ O TABLET”? 

Nesse momento a filhinha segura e puxa a saia da mãe umas três vezes... 

A mãe diz:

 “Pera aí, minha filha! Me deixe falar com o nosso amigo carteiro!” 

O carteiro balança a cabeça, passa a mão na testa e no rosto, suando frio pelo triste episódio, fica pessoal e moralmente abalado, assim como a cliente. Ele pede desculpas. E compreende a raiva, frustração e decepção da cliente diante do sinistro. Mas também fica bastante constrangido e decepcionado com o fato lamentavelmente ocorrido.

Em seguida a criança puxa novamente a saia da mãe e diz: 

“MAMÃE!? MAMÃE!?” 

A mãe já estava um pouco mais calma. Olha para sua filha e responde: 

“Fale minha filha, diga o que você quer! 

A criança responde:

 “Mãe? Esse nosso carteiro é doido, é?” 

A mãe rapidamente responde:

 “Minha filha,não diga isso! Por que você está falando isso? Ele é nosso amigo desde quando eu tinha a sua idade. 


Ela (criança) então finaliza: “Poxa mãe... desculpa. Desculpa senhor carteiro. É que a senhora pediu meu TABLET e ele só trouxe o carregador!”

O carteiro - apesar de envergonhado com a situação constrangedora - olha para a mãe da criança, fala seu nome e diz: 

“Me desculpe, sinto muito mesmo. A encomenda não apresentava indício de violação e passa pelas mãos de muitos empregados. Nós sofremos muito com essas coisas, também somos vítimas. Dependo e valorizo o meu trabalho. Não é justo pagar pelos erros, má-fé e má conduta dos outros. Todos nós precisamos ser responsá veis pel os nossos atos”.

A cliente pediu desculpa ao carteiro e disse que entraria em contato com o remetente. E que ficou com raiva, mas de modo algum desconfia do seu trabalho, que o mesmo sempre trabalhou com qualidade, responsabilidade e eficiência. Dado que durante mais de 30 anos que o conhece, isto nunca havia acontecido. E que seus pais, já falecidos, sempre admiraram e valorizaram o seu digno e por muitas vezes perigoso trabalho, correndo riscos de sequestros e assaltos todos os dias para garantir, também, o sustento de suas famílias.

Edclei Vasconcelos
 
 

 

 
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