O mês de dezembro de 2019 chega ao seu fim marcado por notícias tristes e variadas sobre o caos registrado no sistema estadual de saúde do Amazonas.
De um lado despontam acusações sobre o que alguns classificam de "desgoverno" da gestão Wilson Lima (PSC/AM), porque ele não conseguiu acabar com a anarquia, a bagunça na área da saúde nos seus primeiros 12 meses de gestão.
Do outro aparecem notícias sobre uma compra de manifestantes, por R$ 30,00 mais um lanche, que estaria sendo pratrocinada pelos deputados estaduais Wilker Barreto (Podemos) e Dermilson Chagas (sem partido), para fomentar a confusão.
Apesar de o mês de dezembro ser de festa, de promoção da paz e de espíritos desarmados, os maledicentes de plantão garantem que toda essa confuão faz parte de uma estratégia montada pelos deputados oposicionistas, porque eles estariam "interessados em ganhar visibilidade junto à população e ficar bem com o chefe", que seria o ex-governador Amazonino Mendes, porque "ele trabalha nas sombras com o objetivo de recolocar membros do seu grupo no comando, primeiramente, da Prefeitura de Manaus e depois no Governo do Amazonas".
O empenho demonstrado pelos apoiadores de Wilker e de Dermilson, na divulgação e na defesa das ações desses deputados que atuam na oposição ao governo Wilson Lima (PSC/AM) na Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM), bem como dos "amigos" do governador, que também não têm medido esforços com o objetivo de desconstruir e de desqualificar as acusações dos adversários, deixam a todos nós, cidadãos comuns, sem saber o que é "fake news" ou notícia.
Sem tomar partido
Sem demonizar a política ou tomar partido na defesa do deputado A, B ou C, ou pelo novo governador, porque os fatos relatados sobre a crise e o estado de caos registrado na área da saúde não são novidade para ninguém e estão aí, maltrando quem mais precisa de assistência médica, é preciso saber até que ponto dá para confiar nos políticos, que, na sua grande maioria, "pagam uma de omisso, fazem cara de paisagem" e só quando lhes interessa resolvem intervir e cobrar providências.
Só para clarear as mentes daqueles que "insistem" em esquecer os fatos recentes ou estão "ofuscados" por interesses inconfessáveis, vale lembrar que no dia 4 de abril de 2014 o vice-governador José Melo (PROS) assumiu o cargo de governador do Amazonas, no lugar de Omar Aziz, que renunciou para disputar uma vaga para o Senado nas eleições daquele ano. Mas, no dia primeiro de setembro, cinco meses após a posse, José Melo reconheceu a incapacidade de gerir o falido e problemático sistema de saúde do estado.
Em setembro de 2016, segundo apurou a Policia Federal por meio das investigações realizadas pela operação "Maus Caminhos", não havia dinheiro suficiente para custear as ações na área da saúde, conforme reconheceu José Melo, porque mais de R$ 110 milhões estavam sendo desviados para irrigar as contas bancárias de muita gente "bacana" e importante, enquanto milhares de pessoas necessitadas padeciam e ainda padecem hoje diante da falta de medicamentos e de assistência médica na rede estadual de saúde.
Vale lembrar, ainda, que em março de 2018, em pleno governo Amazonino Mendes, o presidente do Conselho de Medicina do Estado do Amazonas (Cremam), José Bernardes Sobrinho, dizia para a imprensa, sem meias palavras, que "A saúde do Amazonas tem a pior crise em 30 anos", destacava que desde 2016 "sem realizar transplantes de rim", os pacientes que precisam de hemodiálise seguiam em crescendo e afirmava que o procedimento era feito normalmente em Estados como o Acre e Rondônia, que possuem uma arrecadação menor do que o Amazonas.
Quer dizer, há vários anos todos os nossos políticos sabem, até mesmo os do chamado baixo clero, que uma parte expressiva dos recursos destinados à saúde escorria para maus caminhos, sob o olhar atento de muitos profissionais do voto, que foram eleitos para defender os interesses da população, mas preferiram ignorar sangrias sistemáticas de recursos que comprometeram todo o sistema e implicaram e ainda implicam na morte de muitas pessoas.
A crise registrada no sistema de saúde do Amazonas é um problema sério e complicado, que merece uma reflexão comprometida sobre o assunto, bem como um "mea culpa" de todos os homens públicos, porque esse espetáculo dantesco que está sendo exibido diariamente em Manaus, agravado com a morte de criaças cardiopatas e com ataques seguidos à figura do governador, contou com a participação efetiva de muitos artistas que hoje estão quietos, vendo, como diz a música, a banda passar.