As palavras não traduzem o que o coração sente?
Por Warnodo Maia de Freitas
Apontado e considerado por muitos como um dos prováveis candidatos à Prefeitura de Manaus nas eleições do próximo ano pelo "Aliança pelo Brasil", o novo partido que está sendo criado pelo presidente da República Jair Bolsonaro, com o objetivo de abrigar políticos descontentes com a "mesmice adotada e o status quo" das suas agremiações, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM), Josué Neto (PSD), não se pronuncia sobre o assunto ou com relação ao "racha na base", e tem preferido adotar a máxima popular que diz que "se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro".
Alcançado pelo WhatsApp para se manifestar sobre os comentários dos bastidores, feitos a partir da leitura do cenário dos últimos dias, indicando que ele estaria perdendo a liderança na Assembleia Legislativa, por não estar incluído nos planos políticos do grupo de Wilson Lima (PSC/AM), coordenado pelo vice-governador, Carlos Almeida (PRTB), e por essa razão estaria se afastando gradativamente do governo, Josué Neto não se manifestou.
Ele também não emitiu opinião a respeito das indagações sobre o seu atual relacionamento com o governador e não disse absolutamente nada sobre o possível recado dado na manhã da quarta-feira, 11/12, por dez parlamentares da base governista, que preferiram prestigiar uma ação comandada pelo governador em exercício, o desembargador Yedo Simões, para sancionar leis aprovadas na ALE-AM no dia anterior, ao invés de participar de votação naquela Casa.
Dizem que ele não foi porque não queria e não quer atrelar sua imagem ao aumento da alíquota da contribuição previdenciária dos atuais 11% para 14% do servidor público, que vai passar a pagar mais, a partir de março de 2020, graças a aprovação pelos deputados da proposta encaminhada pelo Governo do Estado para atender Emenda Constitucional por meio do PLC nº 17/2019, que altera a Lei Complementar nº 30/2001, que dispõe sobre o Regimento Próprio de Previdência do Estado do Amazonas, estabelece Plano de Benefícios e Custeio e cria Órgão Gestor.
A mesma conduta foi adotada por Josué com relação aos questionados sobre a sua flagrante aproximação de Jair Bolsonaro, evidenciada, segundo os "maledicentes de plantão", com a opção de homenagear o superintendente da Suframa, o coronel Alfredo Menezes, amigo particular do presidente da República, com a Medalha do Mérito Legislativo 2019, em reconhecimento ao "ótimo trabalho que vem desenvolvendo a frente da Suframa".
Dizem que, aconselhado e orientado por seu pai, o experiente conselheiro do TCE-AM Josué Filho, o presidente da ALE-AM estaria tentando seguir o seu caminho e ficar fora do olho do furacão político que "arrasa terras" no período pré-eleitoral, para não ser arrastado e implodido como um simples balão de ensaio, antes de alçar voo e ganhar a altura necessária para ver com mais clareza o horizonte.
Os comentários dão conta de que Josué "segue caladinho, para não atrair maus olhados", na busca de alternativas capazes de tirar do papel o seu sonho de ser prefeito de Manaus fora do PSD, que só será viabilizado a partir do seu ingresso em um novo partido, porque o senador Omar Aziz, estrela maior daquela agremiação política, não concordou em apoiar o seu projeto político.
A conduta adotada por Josué leva a crer que ele também acredita que "o ruído é dos homens e o silêncio é de Deus", porque Jesus era amante do silêncio. Apesar de ter consciência de que não pode ou deve ser comparado com Cristo, porque, como todos nós, também tem seus pecados, Josué segue calado e tem se negado a comentar o que "falam pelas suas costas e as coisas que ele não vai saber".
Mas, ninguém deve ou pode esquecer, também, que, muitas vezes, o silêncio é a resposta.
Uma máxima popular diz que, "quem cala consente", mas também há quem diga que o silêncio pode ser decorrente do fato de as palavras não serem capazes de traduzir o que o coração sente.
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